A influência dos jogos violentos na vida das crianças e adolescentes do século XXI
Por Cauan Soares e Isabel Almeida
A violência dos games é um dos assuntos primordiais e para entender mais sobre o assunto, entrevistamos a psicóloga Patricia Alves

Reprodução/Arquivo pessoal
Desde a criação da tecnologia e o uso assíduo dos videogames e dos computadores, a população mundial vem se questionando: Será que os jogos de videogame podem influenciar uma criança a cometer um crime? A resposta fica a caráter de cada um. O assunto entrou em maior discussão, em agosto daquele ano, ocorreu uma chacina no bairro da Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. Cinco pessoas foram encontradas mortas inclusive Marcelo Pesseghini, um jovem de 13 anos que era filho do casal assassinado.
Durante as investigações um laudo psiquiátrico foi feito a partir de análise de depoimentos e entrevistas. Como conclusão, foi apontado que o menino tinha "encefalopatia hipóxia", ou seja, falta de oxigênio no cérebro. A denominação, segundo o parecer, para esse distúrbio seria "delírio encapsulado". Essa doença mental faz com que o indivíduo perca a noção do lúdico e do que é real.
Mas você deve estar se perguntando, onde se encaixa os jogos? Calma que eu te respondo. Marcelo era fã incondicional de um jogo chamado Assassin's Creed, desenvolvido pela Ubisoft Montréal. A dúvida pairou sob a sociedade e o assunto foi matéria de diversos veículos de comunicação, inclusive, pedindo a proibição de tal
O crime ocorreu no dia 05 de agosto de 2013 e o caso foi arquivado somente em 20 de maio de 2014, com o relatório final dando o jovem como culpado da morte de seus pais. Entretanto, no mesmo ano de seu arquivamento, um pedido de reabertura foi impetrado, mas acabou sendo falho e negado em 2015.
Em 05 de agosto de 2018, a advogada Roselle Soglio foi contratada para atuar pelos interesses dos avós paternos do menino, que até hoje, desacreditam da versão final do inquérito policial. No mesmo ano citado acima, a advogada entrou com um pedido de análise para a Organização dos Estados Americanos (OEA), que atua como um tribunal internacional e tem independência para analisar e assumir casos que são “questionáveis” aos olhos da sociedade.
Para entendermos mais sobre como um jogo pode mudar a visão e até mesmo o comportamento de um adolescente ou adulto, entrevistamos a psicóloga Patricia Alves, 39 anos.
Entrevistadora: Jogos violentos influenciam crianças a cometerem crimes?
Psicóloga: “A classificação etária deve ser sempre respeitada pois as crianças ainda estão formando seu senso de valores, do que é certo e errado. Ser exposto a violência, mesmo que seja um jogo, pode sim afetar essa construção. “
“ É claro que um jogo por si só não será capaz de transformar uma pessoa em um criminoso, isso vai depender muito mais das condições do ambiente em que essa criança está inserida, mas ele pode contribuir para uma visão distorcida de valores importantes. “
Entrevistadora: Você conhece o jogo Assassin’s Creed e acredita que ele possa ser um jogo violento?
Psicóloga: “ Nunca joguei, mas conheço a história do jogo. Sua classificação indicativa é para maiores de 18 anos, em sua descrição consta violência e conteúdo de conotação sexual. Entendo que seja um jogo mais adequado para adultos. “
Entrevistadora: Uma pessoa maior de 18 anos ainda é capaz de misturar uma simples ficção com realidade?
Psicóloga: “Sim, porém é importante entender que isso não vai acontecer com todo mundo, a pessoa precisa ter uma pré-disposição, seja ela algum transtorno psicológico, déficit cognitivo, ou mesmo que esteja passando por um momento de fragilidade psicológica que possa utilizar da ficção como uma fuga da realidade. “
“Uma pessoa saudável psicologicamente, por mais que entre na obra de ficção, e que goste dela, pode ter inspirações, e desejos influenciados pela ficção, mas não a ponto de não saber discernir da realidade. ”
Como contraponto dessa excelente entrevista, a Agência Aspas também decidiu saber a importância desse assunto para o outro grande interessado dessa questão, o jovem que têm seu videogame ou computador, com uma opinião formada sobre o assunto. Entrevistamos rapidamente a jovem Julia Almeida, 22 anos e formada em Design Gráfico.

Reprodução/Arquivo pessoal
Entrevistador: Você acredita que Assassin´s Creed é um jogo violento e pode ter influenciado pessoas a cometerem crimes?
Entrevistada: “Não, o propósito dos Assassinos do jogo é lutar pela a sobrevivência da liberdade, acreditando que ela garante a progressão de novas ideias e o crescimento da individualidade de cada pessoa. Um dos juramentos dos Assassinos é "Afaste tua lâmina da carne dos inocentes" deixando claro que eles apenas vão atrás de pessoas más, e nunca matando mulheres e crianças. O jogo na maior parte realmente exibe cenas de lutas e outra maior parte é ir atrás de pistas onde sempre leva a algum artefato, e em nenhum momento o jogo leva ou induz alguém a cometer crimes ou atos de violência. ”
Entrevistadora: Você acha o jogo ou algum produto da série violento?
Entrevistada: “O nome do jogo é "Assassin's Creed" então sim, em maior parte do jogo vai conter cenas violência, mas nunca tão explicito, é só assistir um vídeo de Gameplay que percebe existem outros jogos mais famosos e mais violentos como GTA e Free Fire, que são bastante conhecidos por crianças”.
Existem divergências entre os assuntos e entre a opinião das pessoas. Uns acham que não influenciam e que isso tudo é um tipo de censura com os diversos “gamers” que só querem ter a liberdade de jogar seus jogos. No entanto, outros acham que essa violência pode ser essencial para uma criança cometer crimes, tanto na proporção do caso de Marcelo Pessighini, quanto em pequena proporção.